É comum pacientes chegarem com a queixa “estou com problemas na memória, não consigo ‘guardar’ as informações”. Mas o ‘problema’ em questão está realmente na memória?
Memória e atenção andam juntas. Se eu não coloco minha atenção em uma informação de meu interesse, logo, a informação não é processada e não temos como construir uma memória disso.
A informação entra em nosso cérebro via órgãos do sentido (tátil, olfativo, visual, auditivo e palativo). Após a entrada, ela será processada e internalizada. Se for útil para nós, será armazenada tornando-se uma memória. Caso não seja útil, será descartada.
Vamos entender de uma maneira mais simples: quando estamos trabalhando em algo e alguém nos chama, olhamos para esse alguém, ouvimos, mas na verdade não colocamos a atenção nessa pessoa no momento em que ela falava, pois estávamos com a atenção focada em nosso trabalho. Passado alguns minutos, não lembramos o que essa pessoa nos falou e nem porque ela veio até nós. Problemas de memória? Não. Apenas não ‘prestamos’ atenção no que nos disseram.
Em caso de um déficit de atenção, a pessoa não consegue construir um aprendizado justamente por apresentar dificuldade em eleger um foco atencional e nele focar por um período de tempo. A pessoa com déficit de atenção não consegue inibir distratores que aparecem a todo momento enquanto precisamos colocar a atenção em algo.
Vamos exemplificar com o caso de um aluno em sala de aula: O foco atencional aqui é o professor que está à frente da sala explicando a matéria. Os distratores são tudo o que pode acontecer em volta do aluno, conversas paralelas entre outros alunos, um ventilador girando, uma porta batendo, um lápis caindo no chão, um caminhão passando pela rua. O aluno com déficit de atenção tem dificuldade em inibir esses distratores para focar apenas na explicação do professor. Ele muda constantemente seu foco atencional, tornando mais difícil o entendimento, internalização e processamento da matéria. O aprendizado consequentemente fica prejudicado, porque o conteúdo não foi internalizado e processado na atenção e não há memorização, pois não há o que ser memorizado, visto que parte da informação nem chegou a entrar.
Muitos casos colocados como falha na memória, são na verdade problemas na atenção. Para diferenciarmos, precisamos fazer uma avaliação detalhada por meio de testes psicológicos, que vão indicar como funcionam a atenção e memória do paciente. Através do resultado podemos trabalhar estratégias e fazer os encaminhamentos necessários para obtermos um melhor desenvolvimento deste paciente.
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Last modified: 8 de julho de 2019
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